Por Que o Apartamento do Vizinho Vale Mais?

Liquidez Escondida nos Detalhes do Seu Prédio"**

SELIC

Totti Maikuma

4/10/20252 min read

A Selic e o Mercado Imobiliário: Como a Taxa de Juros Molda Crédito, Desigualdade e Oportunidades**

A Selic não é apenas um número divulgado pelo Copom a cada 45 dias. É um mecanismo poderoso que define quem terá acesso ao crédito, quem acumulará patrimônio e quem verá o sonho da casa própria escapar. Em um país onde 30% da renda familiar é destinada à moradia, entender seu impacto vai além da economia: é uma questão social.

### Selic Baixa: O Combustível do Mercado
Quando os juros caem, o mercado imobiliário ganha fôlego:
- ✅ Crédito acessível: Taxas de financiamento caem, projetos são lançados em massa e famílias enxergam a chance de sair do aluguel.
- ✅ Especulação imobiliária: Investidores migram da renda fixa para imóveis, buscando valorização rápida.
- ✅ Liquidez alta: Dinheiro circula, empreiteiras contratam, e o PIB cresce.

**Mas há um preço:**
- ⚠️ Aluguéis em disparada: Correções atreladas ao IGP-M (superou 35%) pressionam o custo de vida.
- ⚠️ Bolhas de preços: Imóveis sobem mais que a renda média, moradia vira privilégio.

### Selic Alta: O Freio Necessário (e Doloroso)
Com juros elevados, o cenário se inverte:
- ✅ Inflação contida: Reajustes abusivos de aluguéis e preços de imóveis perdem força.
- ✅ Especuladores saem de cena: Capital migra para CDI e Tesouro Direto, esvaziando o mercado de investidores de curto prazo.
- ✅ Estabilidade: A moeda se fortalece, e o poder de compra é preservado.

**Mas o custo social é alto:**
- ⚠️ Crédito inacessível: Juros de financiamento disparam, déficit habitacional aumenta.
- ⚠️ Desemprego na construção civil: Mercado desacelera e o setor (que responde por 8% do PIB) encolhe.

### O Dilema dos Ciclos: Entre "Vacas Gordas" e Ajustes
A história econômica do Brasil é marcada por essa oscilação:
- Selic baixa aquece o consumo, mas infla preços.
- Selic alta controla a inflação, mas congela o crédito.

No imobiliário, isso significa que ganhadores e perdedores se alternam:
- Especuladores aproveitam momentos de crise para comprar imóveis desvalorizados (como hoje, com a Selic em 14,25%).
- Consumidores finais enfrentam juros altos, mas se beneficiam de preços mais estáveis.

**E os aluguéis?** Muitos contratos migraram do IGP-M para o IPCA, refletindo uma correção mais lenta e previsível.

### O Futuro: O Que Esperar em um Cenário de Juros Elevados?
Com a Selic ainda em patamares altos, o mercado vive um paradoxo:
- Investidores qualificados estão em posição de vantagem: compram ativos "em promoção" e aguardam o próximo ciclo de expansão.
- Famílias de baixa renda seguem reféns: sem crédito para comprar e com aluguéis consumindo até 40% da renda.

**A lição?**
A Selic não é vilã nem heroína. É uma ferramenta imperfeita, mas vital, para equilibrar:
1. Crescimento econômico (via crédito e investimentos).
2. Justiça social (via controle inflacionário e acesso à moradia).